*CBN

Cientistas de todo o mundo estão investigando uma variante do coronavírus identificada na Índia. Porém, eles não sabem até que ponto ela se espalhou ou se é ela que está impulsionando a segunda onda de covid-19 no país. Os vírus sofrem mutações o tempo todo, produzindo diferentes versões de si mesmos. A maioria dessas mutações é insignificante, e algumas podem até tornar o vírus menos perigoso, mas outras podem torna-lo mais contagioso e resistente às vacinas. Uma variante, batizada de B.1.617, foi detectada pela primeira vez na Índia em outubro.

“A superpopulação e a densidade da Índia a tornam uma incubadora perfeita para esse vírus registrar mutações”, disse Ravi Gupta, professor de microbiologia clínica da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. A Índia tem relatado cerca de 200 mil casos graves por dia desde 15 de abril, bem acima do pico de 93 mil casos diários registrados no ano passado. E agora as mortes também aumentaram. No entanto, a nova onda de casos na Índia pode ter sido causada por grandes concentrações de pessoas e pela falta de medidas preventivas, como uso de máscaras ou distanciamento social.

Jeffrey Barrett, do Wellcome Sanger Institute, no Reino Unido, diz que pode haver uma relação de causa e efeito com a nova variante, mas faltam evidências. Ele observa que a variante é conhecida desde o final do ano passado: “Se ela está por trás da onda na Índia, demorou vários meses para chegar a este ponto, sugerindo que é provavelmente menos transmissível do que a variante Kent B117.” Os cientistas acreditam que as vacinas existentes ajudarão a controlar a nova variante quando se trata de evitar que alguém fique gravemente doente.

De acordo com um artigo publicado na Nature por Gupta e seus colegas de pesquisa, algumas variantes inevitavelmente escaparão do efeito das vacinas atuais. Como resultado, mudanças nas vacinas serão necessárias para torna-las mais eficazes. No entanto, as vacinas agora disponíveis provavelmente retardarão a propagação da doença. “Para a maioria das pessoas, essas vacinas podem significar a diferença entre ficar assintomático ou levemente doente e acabar no hospital sob risco de morte”, disse Jeremy Kamil, virologista da Louisiana State University, nos Estados Unidos. “Por favor, tome a primeira vacina que eles lhe oferecerem. Não cometa o erro de duvidar e esperar por uma vacina ideal”, acrescenta.

Os cientistas ainda não sabem ao certo o quão disseminada ela está na Índia. A nova variante foi detectada em 220 das 361 amostras coletadas entre janeiro e março no Estado de Maharashtra. Também foi detectada em pelo menos 21 países, de acordo com o banco de dados global GISAID. Os cientistas ainda não sabem. Kamil diz que uma de suas mutações é semelhante a outras identificadas nas variantes da África do Sul e do Brasil. Essas duas mutações podem ajudar o vírus a escapar dos anticorpos do sistema imunológico que lutam contra o coronavírus com base na experiência de uma infecção anterior ou de uma vacina.

De todas as variantes descobertas, a mais preocupante no momento é aquela identificada no Reino Unido, que se espalhou para pelo menos 50 outros países. “Duvido que a variante indiana seja mais infecciosa do que a variante do Reino Unido. Não devemos entrar em pânico”, diz Kamil. Os cientistas têm até agora poucas amostras para investigar: 298 na Índia e 656 em todo o mundo, em comparação com mais de 384 mil para a variante do Reino Unido. E, depois dos primeiros casos relatados na Índia, menos de 400 casos da variante indiana foram detectados em todo o mundo, diz Kamil.

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