Folha de São Paulo

Até a última sexta-feira, 23, 5.096 candidatos, em todo o país, declararam gasto de R$ 12,8 milhões com impulsionamento de propaganda na internet junto ao Facebook. Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral, a rede social americana foi a empresa que mais faturou com as eleições municipais nestas três primeiras semanas de campanha, seja em repasses diretos ou por meio de subcontratadas. No topo da lista está o candidato à prefeitura de Fortaleza, José Sarto (PDT), com gasto de R$ 420 mil. Em São Paulo, a maior declaração de gasto é de Bruno Covas (PSDB), que informou à Justiça Eleitoral despesa de R$ 200 mil para que a rede social exibisse suas mensagens para mais pessoas. A campanha confirma ter feito tal compra, mas afirma que nem todas as despesas foram executadas e que parte desse valor poderá não ser utilizado.

O Facebook permite que anunciantes modulem os anúncios que querem espalhar para grupos específicos. É possível escolher se o objetivo é que mais homens ou mais mulheres vejam a mensagem, de qual faixa etária ou de determinados gostos. Um usuário da rede que, por exemplo, passa mais tempo vendo fotos do cães e curte páginas de proteção ao animal é mais propenso a receber anúncios de pessoas que escolheram atingir amantes de cachorros. Foi o que fez a candidata a vereadora que mais gastou com o impulsionamento na campanha, Andreza Romero (PP), do Recife. Foram R$ 180,4 mil. “Nossas propostas ressaltam a importância da causa animal, e grande parte das pessoas sensíveis ao nosso trabalho com os animais está nas redes sociais“, afirmou sua campanha. “Apostamos em um nicho de eleitores mais ideológico, que acompanham nosso trabalho de resgate e ajuda a protetores e ativistas não de agora, mas há anos.”

Apesar das vantagens do modelo de impulsionamento de campanhas, Monte não descarta desequilíbrios entre os concorrentes. “Quem tem mais poder econômico para investir, quando muitas vezes são as grandes campanhas, acaba tendo um maior acesso, uma maior capilaridade nestes espaços.” Para o cientista político e especialista em Direito Eleitoral, Djalma Pinto, por ser a internet um meio mais democrático do que as mídias tradicionais, os eleitores acabam tendo a oportunidade de conhecer um número maior de candidatos, suas propostas e históricos. O Facebook faturou, diretamente, R$ 3,3 milhões, conforme dados do TSE. Mas parte das candidaturas está declarando os gastos como repasses às empresas DLocal (R$ 6,1 milhões) e Adyen (3,5 milhões), companhias de pagamento eletrônico com sede na Ilha de Malta e na Holanda, respectivamente, usadas pela rede social para receber as faturas.

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